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  • Os bispos constituíram uma importante elite durante o Antigo Regime. A nomeação régia seguida de confirmação apostólica, complementada pelo carácter sagrado do múnus episcopal, proporcionaram a formação de um corpo de indivíduos que, para além de obrigações religiosas, devia zelar pelo cumprimento das disposições régias e colaborar no governo temporal dos territórios que lhes eram adstritos, ao mesmo tempo que lhes cabia vigiar e controlar o comportamento das poluções que mantinham sobre a sua jurisdição. Deste modo, compreender o arquétipo procurado para cada território e conhecer a forma como os poderes se relacionaram com esta elite, afigura-se indispensável para o conhecimento do passado histórico de qualquer comunidade. A presente dissertação pretende dar um contributo no cumprimento desse objetivo em relação aos bispos de Macau, desde a criação da diocese (1576) até ao fim do mandato do último bispo nomeado durante o consulado pombalino (1782). A situação multicultural, o estatuto ambíguo e em permanente renovação aliada à dupla subordinação ao representante da Coroa portuguesa e o imperador chinês, foram circunstâncias que tornaram a presença e atuação episcopal neste território peculiares no contexto do império português. Numa perspetiva comparativa, partindo dos modelos episcopais procurados para os restantes espaços ultramarinos particularmente, o estudo do modelo dos bispos escolhidos para Macau permite um conhecimento aprimorado sobre as estratégias régias específicas que orientaram os soberanos no governo do território. Finalmente, o presente estudo pretende ser novo contributo para o conhecimento dos bispos nos territórios ultramarinos portugueses.

  • A Europa e a Igreja Católica viviam um período conturbado, no contexto da Reforma Protestante do século XVI, quando a Companhia de Jesus surgiu, ajudando a garantir a posição do catolicismo no velho continente e tomando para si a missão de divulgar a fé a outros povos. Enquanto isso, Portugal descobria todo um Novo Mundo, graças à temeridade dos seus marinheiros e à ousadia dos seus reis. O jesuíta português Tomás Pereira foi um dos que partiu de Lisboa para o Oriente, sob as ordens do Padroado Português, para converter os infiéis ao catolicismo. Para isso, o religioso estudou a língua e cultura chinesas em Macau, antes de conquistar um posto em Pequim, junto do imperador Kangxi. A par do seu trabalho de proselitismo, Pereira foi um embaixador das ciências ocidentais e ocupou um importante cargo na corte Qing, desempenhando um papel de relevo nas negociações com a Rússia, na sequência da invasão de territórios chineses. O episódio da Controvérsia dos Ritos é revelador da influência que Tomás Pereira alcançou: após a proibição das missões na China e graças aos seus argumentos junto do imperador, o jesuíta conseguiu que o Édito de Tolerância ao Cristianismo fosse publicado. Para além disso, conhecedor que era da teoria musical, foi professor de música do próprio imperador e escreveu a primeira obra em chinês sobre a técnica musical ocidental. Enquanto o padre permaneceu em Pequim, foi registando os assuntos e acontecimentos mais importantes no seu diário, testemunho posteriormente entregue à Igreja Católica, em Roma. Muitas das suas memórias sobre Kangxi foram conservadas, permanecendo como documentos de grande valor histórico até à atualidade. Concomitantemente, a sua imagem permaneceu na literatura popular da China. O percurso de Tomás Pereira, que nasceu em Portugal mas passou a maior parte da sua vida na China, terá provocado uma metamorfose identitária. Através dele, é possível revisitar a história de Portugal no diálogo com a civilização chinesa: o seu contributo no domínio da interculturalidade é inegável. O grande objetivo do presente trabalho é precisamente estudar as relações culturais entre os dois países, a partir da ação dos jesuítas na segunda metade do século XVII e inícios do século XVIII, com especial enfoque na vida e identidade do padre Tomás Pereira (1645-1708).

  • The Jesuit Archives in Rome (Archium Romanum Societatus Iesu) contains books and manuscripts from the Ming (1369-1644) and Ching (1644-1911) dynasties on Chinese history, Chinese and Western philosophy, astronomy and other sciences; volumes by Westerners introducing Christian thought to the Chinese; and works by Chinese Christians comparing what they were taught by the Jesuits with the Buddhist, Taoist, and Confucian traditions. Many works deal with the famous Chinese rites controversy. There are also volumes that treat other religious groups such as the Muslims and the Jews. The archive has a collection of some of the first Chinese-Western dictionaries. Some of the works include marginal annotations by the emperors of China, famous Chinese scholars, and Jesuit missionaries and much, much more. This catalogue consists of careful descriptions of all these archival items with bibliographical sources pertaining to them. English is the main language, but Latin, other European languages, and Chinese (with characters) are also abundant.

  • The author analyzes the 125 articles published in The Catholic Historical Review between 1915 and the centennial. The first part contextualizes the individual contributions against landmark scholarship in the field of Catholic missions to colonial Latin America and Ming China. The second part presents statistical analyses of the articles by sub fields and decades, showing the preponderance of publications in Latin America (48 percent), North America (30 percent), and Asia (12 percent). It concludes with a succinct comparison of the profile of this journal in the field of missions history against other scholarly venues

  • O presente ensaio visa compreender a evolução da cadeia de eventos, cronologicamente interligados, que definem um dos grandes focos históricos de comunicação intercultural entre o ocidente e o oriente. Os descobrimentos portugueses, mais do que a quebra de barreiras geográficas e inovação na exploração dos oceanos, foram predominantemente revolucionários na forma como seres humanos de diferentes polos civilizacionais passaram a interagir uns com os outros. Com a chegada à China estabelece-se o território de Macau, assim como o diálogo entre duas potências do mundo de então. Contudo, o apogeu da importância deste território está intrinsecamente ligado ao facto de ter permitido o acesso ao Império do Meio a um outro interveniente especial: a Companhia de Jesus que, desde os primeiros estágios da sua existência, teve acesso à ásia oriental através do Padroado Português. O modo inovador que os Jesuítas conceberam para compreender e se adaptarem às idiossincrasias da China, cujo contexto cultural e civilizacional eram radicalmente diferentes da europa, faz destes missionários um interessante caso de estudo.

Last update from database: 3/13/25, 2:07 PM (UTC)